Morador da rua Henry
Koster, 23, Raimundo Soares de Brito foi uma das mais eminentes figuras da
historiografia norte-rio-grandense, um dos mais conceituados e requisitados
historiadores do Rio Grande do Norte.
Nascido em Carnaúba
dos Dantas, em 23 de abril de 1920, morou em Natal e Fortaleza, antes de se
fixar em definitivo em sua Mossoró.
Exerceu – e bem –
alguns ofícios, entre os quais comerciante e funcionário público, mas foi como
historiador que se tornou conhecido e respeitado.
Passou anos
garimpando informações sobre sua Mossoró “natal” e sobre o Rio Grande do Norte,
dando importantes contribuições na pesquisa do município e do estado.
Chegou a ser,
possivelmente, o cidadão que dispusesse do maior acervo de informações sobre a
cidade de Mossoró.
Mesmo tendo um volume
significativo de pesquisa, Raimundo Soares de Brito não aceitava o título de
historiador. Dizia-se um pesquisador. E não foi, de fato, um historiador de
academia, mas um historiador da rua e dos arquivos.
Adquiriu na
observação acurada e na disciplina espartana o que os filósofos da Antigüidade
nos ensinaram: aprender está no esforço da observação e na disciplina do
pensamento.
Raimundo Soares de
Brito aprendeu e ensinou. Na convivência com os cultos e com os humildes.
Na leitura
selecionada e bem orientada nos legou uma das mais importantes obras
historiográficas produzidas no espaço físico em que viveram Vingt-un Rosado e
Baraúna, duas das mais importantes personagens do oeste potiguar.
Raimundo Soares de
Brito fez-se grande pela grandiosidade do que pretendeu fazer.
Memorialista,
biógrafo e historiador, pesquisou sobre intelectuais, políticos, artistas,
figuras populares e tipos pitorescos. Suas quase duas dezenas de obras retratam
esses personagens, e quase todas tendo Mossoró como cenário.
Buscou conhecer e
conheceu Mossoró, dedicando-lhe um dos mais completos estudos.
Foram quarenta anos
de estudo que se transformou em Ruas e Patronos de Mossoró – Dicionário,
obra que palmilha cada recanto da cidade.
É apenas uma entre
quase duas dezenas, mas talvez a que o autor dedica a maior afeição.
Nela Raimundo
Soares de Brito elaborou uma o mais completo estudo sobre os patronos e ruas de
Mossoró e ressaltou, de forma magistral, os escritores que deram nome às ruas
da cidade.
São diversos
escritores de todos os tempos e lugares e inúmeros intelectuais Entre eles,
poderíamos citar, pela ordem alfabética: Adauto Câmara, Assis Chateaubriand,
Auta de Souza, Coelho Neto, Dorian Jorge Freire (Auditório Dorian Jorge Freire,
Estação das Artes), Eliseu Ventania, (Estação das Artes Eliseu Ventania),
Ferreira Itajubá, Francisco Fausto, Machado de Assis, Olavo Bilac, Raimundo
Nonato, Vingt-un Rosado, Vinícius de Moraes, entre outros.
Além do Dicionário…,
Raimundo Soares de Brito escreveu Notícia biográfica de alguns patronos
de ruas de Mossoró, Estudos de história do Oeste Potiguar, Alferes
Teófilo Olegário de Brito Guerra; um memorialista esquecido, Uma
viagem pelo arquivo; epistolar de Adauto Câmara, Pioneiros da
história da Indústria e Comércio do Oeste Potiguar, Notas genealógicas
sobre a família de Dona Amélia de Souza Melo Galvão, Raimundo
Nonato – o Homem e o Memorialista, entre outros.
Ainda organizou
três volumes das Atas da Câmara Municipal de Mossoró.
Raimundo Soares de
Brito conheceu profundamente a cidade que escolheu para viver.
Dedicou quase toda
a sua vida a um trabalho de pesquisa, mantendo viva a chama da história em
tantas mentes e em tantos corações, ajudou a construir belo acervo espiritual e
coletivo.
Foi este o seu
maior legado.
FONTE – HISTÓRIA ESTÁ NAS LETRAS